segunda-feira, abril 24, 2006

25 de Abril


Senhor Professor,

Sou obrigado a escrever-lhe, nesta data, depois de ter escutado, com toda a atenção, a aula de História, que nos deu sobre a Revolução de Abril de 1974.
Li todos os apontamentos que tirei na aula e os textos de apoio que me entregou para me preparar para o teste, que o Senhor Professor irá apresentar-nos, na próxima semana, sobre a Revolução dos Cravos.
Disse o Senhor Professor que a Revolução derrubou a ditadura salazarista e veio a permitir o final da Guerra Colonial, com a conquista da Liberdade do Povo Português o dos Povos dos territórios que nós dominávamos e que constituiam o nosso Império.
Afirmou ainda que passámos a viver em Democracia e que iniciámos uma nova política de Desenvolvimento, baseada na economia de mercado.
Informou-nos também que a Censura sobre os orgãos de Comunicação Social terminara e que a PIDE/DGS, a Polícia Política do Estado Fascista acabara, dando a possibilidade aos Portugueses de terem liberdade de expressão, opinião e pensamento.
Hoje, todos eles podem exprimir as suas opiniões nos jornais, rádio, televisão, cinema e teatro, sem receio de serem presos.
Disse igualmente que Portugal era um país isolado no contexto internacional e que agora fazemos parte da União Europeia e temos grande prestígio no mundo.
Que somos dos poucos países da União a cumprir, na íntegra, os cinco critérios de convergência nominal do Tratado de Maastricht para fazermos parte do pelotão da frente com vista ao Euro. Li os textos de apoio do Professor Fernando Rosas, onde me informam que os Capitães de Abril são considerados heróis nacionais, como nunca houvera antes na nossa história, e que eles são os responsáveis por toda a modernidade do nosso país, pois se não tivesse acontecido a memorável Revolução, estaríamos na cauda da Europa e viveríamos em grande atraso, em relação aos outros países, e num total obscurantismo.

Tinha já tudo bem compreendido e decorado, quando pedi ao meu pai que lesse os apontamentos e os textos para me fazer perguntas sobre a tal Revolução, com vista à minha preparação para o teste, pois eu não assisti ao acontecimento histórico, por não ter ainda nascido, uma vez que, como sabe, tenho apenas dezasseis anos de idade.

Com o pedido que fiz ao meu pai, começaram os meus problemas pois ele ficou horrorizado com o que o Senhor Professor me ensinou e chamou-lhe até mentiroso porque conseguira falsificar a História de portugal.
Ele disse-me que assistira à Revolução dos Cravos dos Capitães de Abril e que vira com «os olhos que a terra há-de comer» o que acontecera e as suas consequências.
Disse-me que os Capitães foram os maiores traidores que a nossa História conhecera, porque entregaram aos comunistas todo o nosso império, enganando os Portugueses e os naturais dos territórios, que nos pertenciam por direito histórico.
Que a Guerra no Ultramar envolvera toda a sua geração e que nela sobressaíra a valentia dum povo em armas, a defender a herança dos nossos maiores.
Que já não existia ditadura salazarista, porque Salazar já tinha morrido na altura e que vigorava a Primavera Marcelista que, paulatinamente, estava a colocar Portugal na vanguarda da Europa. Que hoje o nosso país, conjuntamente com a Grécia, são os países mais atrasados da Comunidade Europeia.
Que Portugal já disfrutava de muitas liberdades ao tempo do Professor Marcelo Caetano, que caminhávamos para a Democracia sem sobressaltos, que os jovens, como eu, tinham empregos assegurados, quando terminavam os estudos, que não se drogavam, que não frequentavam antros de deboche a que chamam discotecas, nem viviam na promiscuidade sexual, que hoje lhes embotam os sentidos.
Disse-me também que ele sabia o que era Deus, a Pátria e a Família e que eu sou um ignorante nessas matérias.

Aliás, eu nem sabia que a minha Pátria era Portugal, pois o Senhor Professor ensinou-me que a minha Pátria era a Europa.
O meu pai disse-me que os governantes de outrora não eram corruptos e que após o 25 de Abril nunca se viu tanta corrupção como actualmente.
Também me disse que a criminalidade aumentara assustadoramente em Portugal e que já há verdadeiras máfias a operar, vivendo à custa da miséria dos jovens drogados e da prostituição, resultado do abandono dos filhos de pais divorciados e dum lamentável atraso cultural, em virtude de um Sistema Educativo, que é a nossa maior vergonha, desde há mais vinte anos. Eu fiquei de boca aberta, quando o meu pai me disse que a Censura continuava na ordem do dia, porque ele manda artigos para alguns jornais e não são publicados, visto que ele diz as verdades, que são escamoteadas ao Povo Português, e isso não interessa a certos orgãos eq Comunicação Social ao serviço de interesses obscuros.

O meu pai diz que o nosso país é hoje uma colónia de Bruxelas, que nos dá esmolas para nós conseguirmos sobreviver, pois os tais Capitães de Abril reduziram Portugal a uma «pobreza franciscana» e que o nosso país já não nos pertence e que perdemos a nossa independência. Perguntei-lhe se ele já ouvira falar de Mário Soares, Almeida Santos, Rosa Coutinho, Melo Antunes, Álvaro Cunhal, Vítor Alves, Vítor Crespo, Lemos Pires, Vasco Lourenço, Vasco Gonçalves, Costa Gomes, Pezarat Correia... Não pude acrescentar mais nomes, que fixara com enorme sacrifício e trabalho de memória, porque o meu pai começou a vomitar só de me ouvir pronunciar estes nomes.
Quando se sentiu melhor, disse-me que nunca mais lhe falasse em tais «sacanas de gajos», mas que decorasse antes os nomes de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Diogo Cão, D. João II, D. Manuel I, Bartolomeu Dias, Afonso de Alburquerque, D. João de Castro, Camões, Norton de Matos, porque os outros não eram dignos de ser Portugueses, mas estes eram as grandes e respeitáveis figuras da nossa História.

Naturalmente que fiquei admirado, porque o Senhor Professor nunca me falara nestas personagens tão importantes e apenas me citara os nomes que constam dos textos do Professor Fernado Rosas.

Senhor Professor, dada a circunstância do meu pai ter visto, ouvido, sentido e lido a Revolução de Abril, estou completamente baralhado, com o que o Senhor me ensinou e com a leitura dos textos de apoio. Eu julgo que o meu pai é que tem razão e, por isso, no próximo teste, vou seguir os conselhos dele.
Não foi o Senhor Professor que disse que a Revolução nos deu a liberdade de opinião? Certamente terei uma nota negativa, mas o meu pai nunca me mentiu e eu continuo a acreditar nele.
Como ele, também eu vou pôr uma gravata preta no dia 25 de abril, em sinal de luto pelos milhares de mortos havidos no nosso Império, provocados pela Revolução dos Espinhos, perdão, dos Cravos.
O Senhor disse-me que esta Revolução não vertera uma gota de sangue e agora vim a saber que militantes negros que serviram o exército português, durante a guerra, que o Senhor chamou colonial, foram abandonados e depois fuzilados pelos comunistas a quem foram entregues as nossas terras.

Desculpe-me, Senhor Professor, mas o meu pai disse-me que o Senhor era cego de um olho, que só sabia ler a História de Portugal com o olho esquerdo. Se o Senhor tivesse os dois olhos não me ensinaria tantas asneiras, mas que o desculpava porque o Senhor era um jovem e certamente só lera o que o Professor Fernando Rosas escrevera.
A minha carta já vai longa, mas eu usei de toda a honestidade e espero que o Senhor Professor consiga igualmente ser honesto para comigo, no próximo teste, quando o avaliar.

Com os meus respeitosos cumprimentos

O seu aluno

(post em FN)

terça-feira, abril 18, 2006

Andam a gozar descaradamente!


No outro dia, fui vitima de um ultrage por parte da EMEL!
Fui estacionar o carro, numa zona da Baixa lisboeta, e como boa cidadã, quis cumprir o meu dever de respeitar as leis para quem estaciona em local publico. Por isso dirigi-me ao parquimetro mais proximo, e, até fiquei com os olhos arregalados com a descarada gatunice a que nos sujeitam.
Ora bem: 30 minutos correspondiam a 0.31 euros! e para que duvidas não surgissem ao interessado, os algarismos 3 e 1 estavam bem destacados.
Já o facto de não se fazer o arredondamento...enfim..considerando que a maior parte das vezes estamos a pagar um serviço que nao usufruimos na totalidade (visto que podemos ficar só 5 minutos, mas é obrigatorio pagar 30 minutos como minimo).

Mas para agravar a situação, qual não foi o meu espanto quando observei que a dita máquina não aceitava moedas de 1 cêntimo nem de 2 cêntimos! Ou seja, pelo valor acrescentado de 1 cêntimo por obrigatoriedade, acabamos por fornecer à EMEL 0.35 euros como minimo.

E como a maquina não dá troco, considero este tipo de coacção um ultrage! um usurpo descarado!!! ....e são uns centimos que perdemos aqui e ali...e uns centimos que cada um dá a mais á EMEL.

segunda-feira, abril 10, 2006

Life Gold...ou talvez não!

O que é que, na realidade, nos distingue uns dos outros? (Desatendendo as caracteristicas fisicas).

O que é que faz de nós "únicos"?Porque na nossa semelhança, as diferenças são o cerne da vida. É o contraste entre uns e outros e entre personalidades, que constituem a singularidade pessoal. E é esse contraste que nos faz orientar no nosso percurso de vida, é neste contraste que diferenciamos o que gostamos do que não gostamos, o que queremos do que não queremos... pois não nos podemos esquecer que estamos "aqui" de passagem. São estes contrates que fazem a real diferença. Se tudo fosse igual...a vida não teria graça nenhuma.

Não distinguiriamos o bem do mal..pois tudo era igual...nem o que nos dá satisfação do que nos aborrece. Nem nos dintinguiriamos uns dos outros.

Também é verdade, que com o estilo de vida actual, a nossa relação com a "essência" pessoal, não é respeitada e muito menos atendida. Muitos nem sabem o que querem ou o que tencionam. Ousar querer o que se quer neste mundo e nesta vida para satisfação pessoal, é um luxo que muitos não alcançam... uns por infortunios da vida..outros por ignorância ou teimosia masoquista. Querer, é assumir o controle, é cumprir a razão de SER. E nisso reside o verdadeiro esplendor da Vida.

Cada um tem os seus life gold's e os seus must-have's individuais. É de respeitar.

Mas também há aqueles cujos os objectivos são desconformes com a realidade pois pretendem sacar a liberdade particular a terceiros....será que é justo e vale a pena? será que estes mesmos individuos, quando alcançarem a hora da morte, irão sentir-se verdadeiramente realizados a nivel pessoal?

penso que não....porque estereotipar e fazer a sua vontade como vontade generalizada, não é honesto e não é praticavel. Acima de tudo, é o principio do prazer que devemos respeitar e aplicar, caso contrario, qual é o objectivo de executar ou optar por uma coisa que nos causa rancor, infelicidade ou impassibilidade?!

Creio que se cada um de nós tomasse consciencia do que quer, estando sempre inerente o principio do prazer... muitos de nós eram mais felizes...e uma pessoa verdadeiramente feliz, não deseja desgraça alheia nem mal a ninguem que não nos tenha atingido negativamente.

São estes contrastes pessoais que nos distiguem e que "apimentam" a vida. Agora, o que fazemos dela...isso é o reflexo das nossas opções perante esses contrastes. Assim quero acreditar.

domingo, abril 09, 2006

Logistica dos "trocos"

Um aspecto muito negligenciado nos dias que correm é a importância dos pequenos dispêndios. E isto aplica-se tanto a nivel da familia, como de uma empresa como do Governo.Vive-se muito no laissez-faire.... afinal: "SÃO SÓ UNS TROCOS!!!"
Mas não serão estes trocos, igualmente responsaveis pela má orientação de familias, empresas e economia nacional? Gasta-se em coisas superfluas, não se aplica uma politica de prevenção e antecipação, para que em tempos dificeis, as coisas sejam mais faceis de suportar.Provavelmente, desta forma, não veriamos diariamente noticias de empresas que declaram falencia porque num mês não atingiram os objectivos ou porque tiveram uns gastos suplementares.O caso mais flagrante é a nivel familiar: um cafezito hoje, tabaco amanha, um bolinho quando apetecer, uns dinheirinhos para o menino/a gastar na escola, etc... e ao fim do mês, o somatório destes pequenos gastos perfazem uns valentes euros ..... e ao fim do mês tomam consciencia que as dividas têm que ser pagas.Acredito que estes pequenos gastos acolmatavam sempre a gestão economica pois por mais infimo que seja, poderia ser aplicado numa forma mais produtiva.
O "porquinho" está em marasmo...e assim parece continuar a ostentar-se.. porque, na maior parte das vezes, o erro crucial não é a falta de dinheiro como tanto mediatizam, mas sim a falta de logistica economica, em todas as vertentes sociais.

sexta-feira, abril 07, 2006

Vicissitudes sublimadas: DROGA

Perante o malificio da droga, e toda a dimensão social que atingiu, é pertinente questionarmo-nos....

será plausivel e justo, sacar alguem do mundo asqueroso da droga?

eu digo: NÃO COM O MEU DINHEIRO!!
e afirmo isto porque acredito que quem "cai em desgraça" nas artimanhas da droga é porque subjacentemente já se é fraco. Ninguem é obrigado a provar estupefacientes. Só prova quem quer!
Acredito que os narcoticos, denegridem em duas frentes:














1) reflecte a personalidade débil e lábil das "vitimas"

2)porque destroem a qualidade organica a deixar à descendencia.

Mas o mais ironico nesta orbe, é que aqueles que são especialmente contra, são os individuos que fornecem a propria droga. Por um lado, vivem de dinheiro ilicito facilitado pelos narcóticos, mas por outro dizem atrocidades dos drogados. Que infeliz ironia! Que contradição: proferir ferezas a quem lhes, na realidade, dá o "pão para comer".
Mas negligenciando este facto, mantenho a mesma opinião em relação a todos os vicios:
considero os narcóticos favoráveis, para que assim se faça um "rastreio moral" do populos. Por outras palavras, sou afavor da legalização da droga, mas não apologista da seu usufruto. Liberdade para cada um fazer as suas escolhas.