sexta-feira, julho 07, 2006

Portugal 2070

O Dr. Álvaro Cidrais escreveu um artigo muito interessante e desafortunadamente alarmante, no suplemento de SAÚDE PÚBLICA (nº1757 Expresso), sobre a investigação que Filipe Duarte Santos.
Segundo este professor catedrático, em 2070 o sul de Portugal poderá ser um extenso deserto onde a esperança de vida estará nos 50 anos e a principal causa de morte serão as doenças inerentes à falta de água.
O cenário especulado é desastroso, e é uma realidade prevista desde 1985. Os dados da actualidade comprovam esta evolução catastrófica.
Segundo os especialistas, isto ocorre em consequência "da nossa capacidade de tomar conciência sobre a causa ambiental e os seus reflexos sobre a saúde".
Não tomamos as acções para a gestão correcta do planeta e, em particular, da água, não acautelamos a saúde dos nossos filhos e netos.

A agricultura será uma das actividades em extinção no Sul do pais (Algarve e Alentejo) em consequência da falta de água, e nem o sistemas de esgotos poderá funcionar adequadamente.
As praias do Algarve terão desaparecido, Lisboa sofrerá fortes inundações maritimas das mares-vivas, e a Costa da Caparica será semelhante a Veneza.

Nesta realidade, a probabilidade de proliferarem doenças causadoras de morte são elevadas, as mesmas patologias que hoje em dia afectam África. Para além do cancro na pele e das infecções nas vias respiratorias superiores.

Estará Portugal condenado a ser uma "Atlântida" dos tempos modernos? Um país em seu tempo reconhecido pelos seus grandes feitos, e que devido à evolução ambiental e má gestão humana, não passa de uma memória submersa pelo tempo?

As consequências a nivel do trabalho e auto-subsistência serão imediatas. O desemprego subirá em flecha, visto que muitas actividades deixarão de poder operar ou terão de transferir-se para outras paragens devido ao elevado custo deste recurso.
O preço da água deverá ultrapassar o valor do ouro.
As actividades lúdicas aquáticas (pescar, andar de canoa, barco, etc) serão um sonho para todos. Á água será uma materia prima e um bem essêncial que não estará disponivel a todos. E em condições limitativas, já antevemos as actividades bélicas d'aqueles que não têm os mesmos recursos.

Os estudos para Portugal, realizados por eminentes cientistas, indicam que talvez o ponto sem retorno esteja a ser atingido dentro do 30 ou 50 anos.
O Dr. Álvaro Cidrais termina o seu artigo com um aviso muito bem apurado:
"É o que pretendemos? Vale a pena continuar assim? Será este tema menos importante do que os exames do 12º ou as noticias da nossa irrisória bolsa de valores? Doq ue o encerramento de maternidades? Do que as vitórias da selecção? Porque razão as páginas dos jornais se enchem com essas noticias?"

Parece-me que a nossa pátria ainda se encontra numa fase moratória politica. Não se prevê consequências, nem se pensa a longo prazo. O que interessa é o AGORA, o resto logo se vê.