domingo, maio 28, 2006

Fixismo pela Direita conservadora


Foi publicado um artigo, esta semana na revista Única (Expresso, nº 1752), que alega que “os homens com mais filhas tendem a votar em partidos de Esquerda”.
Segundo esta investigação de Andrew Oswald, esta é uma razão darwinista, visto que a Esquerda promove mais a igualdade social e o investimento em serviços públicos que favoreçam as mulheres, como a educação, saúde, apoio à maternidade, etc.
E eu questiono-me: será a Direita unicamente conservadora e onde a democracia paritária não tem lugar? Na ala Direita partidária, coexistem duas correntes: a mais conservadora (existente em Portugal) e a liberal. A base do conservadorismo é o pessimismo antropológico, a ideia de que o homem é naturalmente egoísta. Ao contrário dos “progressistas”, que consideram que o homem é naturalmente bom, racional e feliz e que é a sociedade que o torna mau e infeliz (e, portanto, para melhorar o homem, basta melhorar a sociedade), para os conservadores, o homem é egoísta e é a sociedade e os seus hábitos e tradições que moderam e limitam a sua perversidade natural.
Será que só a Esquerda permite uma democracia paritária como tanto apregoam?
Muito se tem escrito sobre a questão da paridade, regra geral reportando este conceito ao mundo da politica e confundindo não só o significado real, como as diferentes estratégias para o alcançar, como por exemplo as tão criticadas quotas de participação das mulheres em órgãos de poder.
Faz questionar-nos se paridade será o mesmo que quotas…. E se os homens e as mulheres têm direitos iguais, o que é que as mulheres querem mais??
Desta matéria florescem preconceitos e desdéns.
É importante salientar que diferença não é o mesmo que desigualdade. A diferença traduz-se na não semelhança entre indivíduos e é inerente à diversidade de que as sociedades se compõem. A desigualdade implica fazer decorrer das diferenças uma hierarquização e implica uma subordinação.
É sabido que o peso social da mulher está longe de atingir um nível satisfatório. São mais vulneráveis, têm menor autonomia e menor mobilidade, escolhas profissionais mais limitadas, menor acesso directo ao dinheiro, ao credito e à propriedade, menor valorização no trabalho e menor acesso à participação nos processos de decisão económica e politica. Teoricamente, a democracia paritária é um dado adquirido…mas na prática, pouco se tem visto. Acredito que parte se deva a “impasses” políticos, mas acima de tudo, deve-se a uma mentalidade que não acompanhou a Historia.
Já não tenho fé no argumento “dar tempo ao tempo”. Como se a evolução natural das civilizações fosse um dado natural e prosseguisse inevitavelmente à margem da vontade das pessoas.
Reconheço que a Direita portuguesa é conservadora em aspectos que não devia ser. A ideologia neoprogressista, afincadamente de Direita, é de corrente “liberal” em muitos aspectos e conservadores noutros.
Porque afinal, dar caminho livre a um indivíduo independentemente do sexo, não é liberalismo, nem devia ser considerado como tal. Deveria ser ponto assente e um factor inquestionável para a sociedade. E princípios liberais e justos não são exclusivos da corrente Esquerdista.
Afinal, secalhar Andrew Oswald tem razão, mas não nas razões subjacentes… na Direita que actualmente impera, estamos mal representados…isso é o que lança o mau agoiro à ideologia de Direita.
Acredito no Estado de Direito! ..mas ainda não sabemos é o que é que isso é....